Enquanto os Estados Unidos teima em exportar seu Halloween, alguns poucos lugares do mundo ainda encaram essa americanização como algo perverso e celebram seus mortos no dia primeiro, portanto, dessa vez um Top 10 diferente, com uma dezena de filmes de terror dessa década que está acabando, mas divididos entre os falados na língua do Tio Sam e os falados (de acordo com o Oscar) em língua entrangeira, ou seja, todas outras. Primeiro, vamos então aos “Horror Movies of the Decade”.
por Vinicius Carlos Vieira em 31 de Outubro de 2010
Depois de um fim de século de sustos fáceis e assassinos em série, esse filme do chileno Alejandro Amenábar, começou os anos 2000 mostrando que ainda existia esperança para o gênero. Seu visual não é moderno, na verdade recorre àquelas histórias de fantasma do tipo “A Outra Volta do Parafuso”, clássico, em uma casa enorme, com uma família sozinha e um clima que te esmaga contra poltrona. Tudo isso ainda com um final arrebatador, que coloca de pernas para o ar tudo que foi visto até aquele momento e torna o filme inesquecível.
Poucos filmes tem a coragem de não se explicar. Talvez por terem medo de serem ignorados pelo público atual, acostumados a tramas mastigadas e finais felizes ou simplesmente por falta de coragem em embrulhar tudo por um mistério e não desmanchar o pacote até o final. “Os Estranhos” faz isso perfeitamente, o filme de Brian Bertino te leva a crer que tudo só esta acontecendo por que eles estavam no lugar errado e na hora errada, e esse incomodo da falta de explicação deixa mais ainda o espectador desesperado sem saber qual vai ser o próximo passo. Uma idéia genial e um modo corajoso de levar uma trama sufocante à níveis inimagináveis.
O Nevoeiro (“The Mist”, EUA, 2007) crítica completa

Se no conto de Stephen King a falta de esperança diante da humanidade já era o que carregava essa trama catastrófica, sob olhar de Frank Darabont tudo fica mais pessimista ainda. Além de acertar na mosca ao fazer com que, exatamente como no livro, o maior monstro da história seja o que está fora daquela névoa, ainda consegue fechar tudo com um final que talvez nem King tenha tido coragem de fazer, daqueles que agridem seus espectadores e mostram o quanto se pode acabar com um monte de certezas e esperanças.
Se não fosse pelo modo inspirado com que toda idéia tivesse sido levada, talvez o primeiro filme da série caísse em um limbo qualquer (até provavelmente produzisse as mesmas continuações, já que a idéia desse é totalmente jogada de lado). Inspirado, por que ao mesmo tempo em que apresenta uma linha narrativa digna dos grandes filmes, costura tudo com um final surpreendente que mostra o quanto se pode desviar o olhar do espectador com um ou outro subterfúgio. Por cima de tudo isso, as armadilhas e a filosofia de um vilão de primeira categoria que, infelizmente, foi tão mal explorado que se tornou um reflexo sem propósito desse primeiro.
Além de durante metade de seu filme, o diretor inglês Neil Marshall colocar seu grupos de amigas à procura de aventura em uma situação sufocante dentro de uma caverna, onde até seu espectador fica se ar, de um segundo para outro, em um relance de uma câmera com visão noturna, o diretor ainda coloca o que sobrou de suas personagens às voltas com um monstro nojento e assassino, que se esgueira pelas sombras e parece estar ali só para mostrar que, quando algo está ruim, pode piorar facilmente.
Arraste-me para o Inferno (“Drag me to Hell”, EUA, 2009) crítica completa

O maior problema de Sam Raimi em “Arraste-me para o Inferno” talvez seja não ter explicitado para o grande público que sua grande idéia aqui era dar uma visitada em seu passado bem-humorado e assutador de “A Morte do Demônio” (“Evil Dead”, já que muita gente só se refere a ele pelo nome original mesmo). “Arraste-me…” tem tudo isso e, quem sentou no cinema preparado para se deixar levar tanto pelos sustos, quanto pelo gore e pelo exagero, ganhou um filme inesquecível, do contrário saiu do cinema xingando tudo e todos.
Que Danny Boyle, o diretor, não me escute, mas “Extermínio” é um dos maiores filmes de zumbis que o cinema já viu, não só por recauchutar a idéia, com um novo visual e uma nova velocidade (digamos assim), mas pela idéia aterradora de Boyle de dar seu país ao holocausto zumbi. Do momento que o protagonista sai do hospital e vê sua Londres vazia e abandonada ao momento que o espectador percebe que a palavra “esperança” passa bem longe do filme, Boyle faz isso tudo colocando sua assinatura em dos arquétipos do gênero (os zumbis) e, a partir disso muda o modo como eles serão usados dali ppara frente, por mais que nele, sejam infectados por uma doença misteriosa, só respondendo aos seus instintos, grunindo enquanto correm atrás de seus vítimas e não tenham parentesco nenhum com aqueles mesmo do George A. Romero.
“O Chamado” está aqui não só por ser a primeira das refilmagens de filmes de terror vindo da terra do sol nascente, mas, muito provavelmente por um capricho inigualável que o torna muito mais competente e conciso que seu original de olhos puxados. Depois dele, mais nenhuma refilmagem foi novidade, nenhuma deu os mesmo sustos nem, muito menos, deu a uma sinistra mininha de camisola o status de um dos maiores vilões que os filmes de terror já viram.
Mesmo não sendo um primor técnico, é bom lembrar do primeiro filme do diretor Eli Roth com carinho, principalmente por sua coragem de entregar para o público uma história repleta até as tampas de muita nojeira, onde o inimigo é simplesmente um vírus que come o grupo de adolescentes em férias na cabana no meio do nada. Além de todo gore, ainda sobra espaço para duas piadas sensacionais, uma sobre uma “arma para os negros” e outra sobre o destino do rio infectado. Roth tinha vontade de fazer um filme/homenagem aos gênero nos anos 80 e consegue até mais que isso. Imperdível para quem gosta de muito terror
Preciso confessar que depois de nove escolhas pela memória para esse top 10, uma ficou em aberto, o que me obrigou a digitar “top 10 filmes de terror década” no Google. Depois de muitas listas tomadas por um monte de quesitos que não eram o dessa, dois filmes (que eu não conhecia) pareciam se repetir mesmo juntos de outros que quase não voltavam a dar as caras, o que me fez ir até a locadora buscá-los. E não é que eles estavam certos. O primeiro é “Contos do Dia das Bruxas” um terror com cara de anos 80 e um pé nos “Contos da Cripta”, onde quatro histórias se esbarram durante uma noite de Halloween, como em uma coletânea de contos. Todos tremendamente divertidos e bem realizados, na estreia como diretor de Michael Dougherty (parceiro de roteiro de Brian Singer em seus últimos filmes). Algumas caras famosas, muitas surpresas e um resultado tão agradável para os fãs do gênero que, com certeza, os deixarão salivando por uma outra batelada desses contos.
O outro “achado” é essa produção de 2007 sobre um sinal que toma conta dos meios de comunicação e faz todos que o houvem entrar em um tipo de hipnose psicopata que os leva a matar todas as suas voltas. O elenco é desconhecido, assim como seus realizadores, mas a vontade de ambos, e seus comprometimentos com a trama, fazem de “O Sinal” imperdível, tentando serem novos diante de um assunto batido (uma espécie de apocalipse onde o inimigo é o próprio homem), e fazendo isso com sinceridade e um conhecimento de causa enormes. Uma idéia boa, muito gore, um visual moderno, bom humor na medida e uma história de amor (ou vocês nunca perceberam que 90% do gênero varia sobre esse ponto), tudo que um filme de terror precisa para fazer sucesso entre os fãs.